Scorsese nos leva de volta aos anos 70 e nos aproxima de Bob Dylan em um pseudo-documentário que aborda uma das turnês mais polêmicas do mestre
"Quando alguém está usando uma máscara, ele vai te falar a verdade", Dylan fala para alguém que lhe pergunta sobre usar uma máscara como figurino ao vivo. "Se não está, é bem improvável". E não é de se esperar que Rolling Thunder Revue, o novo documentário de Martin Scorsese, é um tiro poderoso capaz de puxar o seu tapete. Adotando uma forma de pseudo-documentário, o filme remonta uma restauração impecável de imagens abandonadas da turnê Rolling Thunder Revue, realizado entre 1975-76, quando Dylan estava lançando Desire, mais de suas incontáveis obras-primas.
Considerando a genialidade de Bob Dylan, o documentário mostra entre cenas de bastidores retirados do filme Renaldo and Clara (1978) — filme produzido por Dylan que focou em trazer um relato ficcional de sua vida — e imagens raras de um momento em que Dylan estava voltando a fazer shows ao vivo — já faziam nove anos desde que Dylan não se apresentava entre o seu famoso "show elétrico" em 1966 e seu trágico acidente de motocicleta no mesmo ano, o divisor de águas para uma mudança de estilo totalmente radical estabelecido em John Wesley Harding (1967) — em lugares menores para se aproximar de seu público que estava passando por grandes transições em uma América iludida com a contracultura e a recessão. Mas o mistério continua aqui. Vemos Dylan no palco com um chapéu enfeitado com flores, rosto coberto de tinta branca (uma homenagem ao Kiss, segundo ele) e em algumas partes uma máscara de plástico. O que será que ele esconde? Nada.
O que torna mágico neste documentário é o próprio Dylan. Quando está sentado e tocando o seu violão, Dylan canta de maneira reveladora a revigorante "Simple Twist of Fate" — canção redentora da crise de rompimentos de Blood on the Tracks (1975), álbum que ressuscitou a carreira de Dylan e o trouxe com força total para a indústria musical — ao mesmo tempo em que ele não prefere estas canções por serem escritas por razões tristes. "Hurricane" — música de protesto que critica a condenação por assassinato do boxeador Robin "Hurricane" Carter — traz o lado incendiário de Dylan. No mesmo tempo em que Dylan voltava para a indústria, Scorsese estava preparando a sua visão explosiva dos anos 70 com Taxi Driver. É uma verdadeira celebração de ambas as carreiras de quem produziu este material e o assunto que dá vida a este documentário.
O filme apresenta uma nova entrevista com o Prêmio Nobel e as reflexões de outros artistas célebres como Ramblin Jack Elliott, Roger McGuinn e Joni Mitchell. E tem muito mais: Vemos o momento de diversão nos bastidores com a ex-amante Joan Baez, em que se eles se abraçam para se casar com outras pessoas, o que de certa forma se parece chocante e íntimo — partes estas que também foram tiradas de Renaldo and Clara.
Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan Story by Martin Scorsese (nome original) é um grande tributo do cineasta ao próprio Mr. Tambourine Man, mesclando realidade com fantasia, ao mesmo tempo em que o próprio artista lança brincadeiras poéticas entre fato e ficção no palco com seus amigos artistas. Para acrescentar mais magia usando cenas de outro documentário, a obra-prima do cinema francês Children of Paradise, uma peregrinação de Dylan e qualquer outra coisa que ilumine o mosaico do processo criativo do artista. Mas Scorsese já tem muito conhecimento sobre o que acontece nas canções de Dylan — seu doc, No Direction Home (2005), traçou os anos elétricos do músico. Mas Rolling Thunder Revue é totalmente diferente. Você nunca viu nada igual.
• Leonardo Pereira •

O que torna mágico neste documentário é o próprio Dylan. Quando está sentado e tocando o seu violão, Dylan canta de maneira reveladora a revigorante "Simple Twist of Fate" — canção redentora da crise de rompimentos de Blood on the Tracks (1975), álbum que ressuscitou a carreira de Dylan e o trouxe com força total para a indústria musical — ao mesmo tempo em que ele não prefere estas canções por serem escritas por razões tristes. "Hurricane" — música de protesto que critica a condenação por assassinato do boxeador Robin "Hurricane" Carter — traz o lado incendiário de Dylan. No mesmo tempo em que Dylan voltava para a indústria, Scorsese estava preparando a sua visão explosiva dos anos 70 com Taxi Driver. É uma verdadeira celebração de ambas as carreiras de quem produziu este material e o assunto que dá vida a este documentário.
O filme apresenta uma nova entrevista com o Prêmio Nobel e as reflexões de outros artistas célebres como Ramblin Jack Elliott, Roger McGuinn e Joni Mitchell. E tem muito mais: Vemos o momento de diversão nos bastidores com a ex-amante Joan Baez, em que se eles se abraçam para se casar com outras pessoas, o que de certa forma se parece chocante e íntimo — partes estas que também foram tiradas de Renaldo and Clara.
Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan Story by Martin Scorsese (nome original) é um grande tributo do cineasta ao próprio Mr. Tambourine Man, mesclando realidade com fantasia, ao mesmo tempo em que o próprio artista lança brincadeiras poéticas entre fato e ficção no palco com seus amigos artistas. Para acrescentar mais magia usando cenas de outro documentário, a obra-prima do cinema francês Children of Paradise, uma peregrinação de Dylan e qualquer outra coisa que ilumine o mosaico do processo criativo do artista. Mas Scorsese já tem muito conhecimento sobre o que acontece nas canções de Dylan — seu doc, No Direction Home (2005), traçou os anos elétricos do músico. Mas Rolling Thunder Revue é totalmente diferente. Você nunca viu nada igual.
• Leonardo Pereira •
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