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'I Am Mother': Sci-Fi eletrizante envolvendo robôs e humanos vai te manter grudado nas telas













Em I Am Mother, da Netflix, Hillary Swank rouba os holofotes ocultando em que lado da história faz parte

Não há exatamente nenhum ser vivo em I Am Mother. Um robô andróide de um olho só está determinado a refazer do zero um planeta com seres humanos superiores e sem nenhum desejo ou tentativa de poder passando através da corrupção moral e ética. No início, tentando ser Deus, este robô tem um armazenamento imenso com embriões humanos refrigerados a temperatura ambiente e preparados para que no momento, estes embriões possam ser trazidos para a vida — uma máquina semelhante a um micro-ondas que serve de útero para o desenvolvimento do pequeno ser é a principal responsável pelos novos nascimentos — e aos poucos este andróide vai restabelecendo a vida humana no planeta, ensinando o novo ser para que viva sem cometer corrupção e guerras pelo poder.

Vinda de um embrião, a menina começa a crescer e o enredo do filme começa a desenvolver toda a trama mostrando o crescimento desta criança até a sua juventude. Na medida em que ela já está em uma idade capaz para pensar sozinha, a garota (Clara Rugaard) está cheia de dúvidas quanto a sua raça. A andróide a educa com todos os direitos, passando por matérias como literatura e lógica, e preparando ela para que, em um futuro próximo, a garota tivesse condições morais e éticas para criar a sua família (ainda pequena, ela pergunta para a sua mãe-andróide quando ela teria a sua própria família, e a robô diz a menina que seria em um futuro não tão próximo, mas o suficiente para a filha estar preparada para criar os seus filhos).

Já grande, a filha começa a ajudar a sua mãe com pequenas coisas relacionados a pesquisas científicas. Mas quando aparece um rato dentro do laboratório de sua mãe, as dúvidas e as incertezas começam a permear dentro da cabeça da filha. Então muitas perguntas são feitas para a sua mãe. Até então, a andróide tinha certeza de que lá fora não era seguro — elas estão dentro de um local totalmente protegido por tecnologia robótica para não se contaminarem, aumentando ainda mais as curiosidades juvenis de sua filha — mas um fato acontece dentro do filme.

Uma sobrevivente ao apocalipse (Hilary Swank em uma grande atuação) pede por socorro e a garota se deixa levar pela humanidade genuína e ingênua de sua juventude para poder passar por cima das leis de sua mãe e ajudar esta mulher. Até então, quando a mãe e sua filha são obrigadas a dar abrigo para a misteriosa mulher, não existe mais unidade de pensamento e relacionamento entre a mãe-robô e sua prole, desencadeando desde então uma desconfiança da filha em relação a sua mãe e uma mulher misteriosa demais que esconde segredos e que não confia em nenhuma máquina, seja qual for a ajuda que a andróide pudesse dar. Talvez seja este o motivo pela qual I Am Mother tenha tornado o enredo cada vez mais eletrizante para o público, porque esconde sensatamente os segredos de ambos os lados em confronto de idéias nesta história.

Com uma batalha pela convicção da menina, a andróide e a mulher misteriosa começam a agir ocultamente para poder eliminar — não através de sangue derramado — a sua oponente. Se a misteriosa triunfasse, teria levado a garota consigo mesma enquanto que a robô de inteligência artificial expulsasse a ameaça humana de sua base robótica. A direção de Grant Sputore é eletrizante pelo seu estilo detalhista nos detalhes que formam as cenas do filme e em quase duas horas, o cineasta te coloca no lugar das duas personagens. Quem está enganando a filha? A andróide do bem que a trouxe ao mundo através de uma tecnologia robótica ou uma mulher totalmente desconhecida e determinada para viver escondida dos robôs que tomaram conta do planeta e até então viver como clandestina? Você vai obter a resposta vendo I Am Mother, filme disponível no serviço de streaming da Netflix.

• Leonardo Pereira 

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