Terceiro filme do universo Invocação do Mal nos entrega uma máquina potente do gênero que envolve o terror com o simplista
Com uma mistura de Uma Noite no Museu, o universo de Invocação do Mal tem chamado atenção pelo terror estiloso e seu principal instrumento, a boneca Annabelle foi a válvula de escape para que filmes solo fossem realizados, explorando ainda mais este universo do terror. Logo que você ver Annabelle 3: De Volta Para Casa, o filme mais convencional dos últimos três que dão nome da boneca demoníaca, seus questionamentos sobre uma boneca de porcelana que é usada como um elo para que o sobrenatural aconteça realmente e se ela é possuída ou não, as suas dúvidas serão apagadas imediatamente no início. "Os demônios não possuem coisas, apenas pessoas", deixam claro o casal de investigadores Ed e Lorraine Warren (ambos interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga e colocados no filme como coadjuvantes).

Bingo! Quando os Warrens saem da cidade para trabalhar e deixam a sua filha Judy (uma Mckenna Grace em atuação de alto nível) aos cuidados de uma vizinha adolescente asmática chamada Mary Ellen (Madison Iseman), é só uma questão de tempo para que alguma curiosidade tome conta da cabeça de alguém e mexa com coisas nas quais não deveriam tocar. Neste caso, me refiro a amiga da baba, Daniela (Katie Sarife), que tem motivos para querer entrar em contato com o mundo dos espíritos. Então, Annabelle entra em ação colocando caos infernal em suas almas. Em meio a este enredo, os relatos sobre as desventuras dos Warrens fora das telas se estabeleceram como uma fusão confiavel e respeitosa do terrorismo suburbano vinda dos anos 70, com atmosferas afinadas e gritos impecavelmente combinados. Em relação a franquia, sua estrela é um brinquedo com rosto feio que parece ser um pesar macabro. A maneira como este ser demoníaco é filmado faz o público sentir sentimentos totalmente diferentes, mas todos estes são de ambivalência sobrenatural. O corte que a câmera fez de Annabelle para uma tigela de sopa faz parecer a boneca faminta e a parte cortada de seu rosto estático em utensílios domésticos atacando os seus donos e todos os tipos de caos. Tudo isso formando um sentimento arrepiante de expectativa.
Vale ressaltar que felizmente o diretor Gary Dauberman — também responsável pelo roteiro — conseguiu entender que a seriedade não poderia ser o foco central do filme. Como um cineasta experiente em trazer histórias que mexam com nossa psique, Annabelle 3 sabe misturar a parte simplista com o terror, sem encher o local de sangue derramado, mas nos ambientes que mantem a tensão. Por isso que De Volta Para Casa é o melhor dos tres filmes porque sabe muito bem mostrar um cruzamento entre uma casa assombrada e um parque de diversões. Como uma maquina potente do genero, o filme prende as protagonistas em uma casa cercada de tabuleiros que brotam as mãos e um pesadelo folclorico conhecido como Ferryman e uma armadura antiga de guerra japonesa que sabe curiosamente onde é seu lugar. Um rapaz com cara de certinho (uma atuação fofa de Michael Cimino) entra em poucos momentos em cena, assim como uma especie de criatura infernal. Quando todo o resto falhar, as vozes sussurrantes e forças invisíveis são o suficiente para compensar o que deveria ser melhorado.
Outra parte positiva de De Volta Para Casa é Mckenna parecendo preocupada, já que a atriz de menor tem um talento incomum para comunicar sentimento de pavor além de ser ela mesma. Ela dá inteligência e apreensão que parecem estar acima de sua atuação. Annabelle 3: De Volta Para Casa não tem a intenção de reinventar absolutamente nada dentro dos gêneros de terror. Talvez seja que o filme não te deixe tão apreensivo e com frio na espinha, mas você não vai sair do cinema irritado em meio a uma série de filmes ruins dentro do gênero que foram lançados ultimamente. Você até vai sair positivo por ter tido uma experiência como esta.
Leonardo Pereira
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