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'Anna: O Perigo tem Nome': Uma mulher, uma arma e algumas vítimas














O diretor Luc Besson prefere colocar ação baseado na Guerra Fria de forma genérica

Para um bom filme de ação, você precisa de uma mulher sensual com inúmeras habilidades de lutas e de muitos pescoços quebrados. Era o que o próprio Godard sempre dizia, e Luc Besson, cineasta francesa conhecida do glorioso diretor francês. Seu novo trabalho traz uma ação que impressiona por trazer um enredo dos anos 80 e 90 entre URSS e Estados Unidos em uma guerra entre serviços secretos, o que definiu boa parte do século 21 na Guerra Fria. Além dos mistérios envolvendo esta richa entre FBI-KGB, entra em ação Anna Poliatova (uma Sasha Luss bem articulada como uma agente).

Quando você assiste Anna: O Perigo tem Nome, todos os ingredientes para uma trama bem resolvida estão garantidos: Anna é uma beldade russa que está vivendo a vida de festa como uma modelo profissional nos cliques das fotos. Este serviço serve apenas de cortina de fumaça porque ela é uma assassina disfarçada a serviço da KGB. Alex (Luke Evans), um manipulador da agencia e a sua chefe chamada Olga (Hellen Mirren) querem o valor de Anna. Então as coisas começam quando entregam uma arma para ela com a missão de encontrar um inimigo da KGB e atirar na cabeça dele. A missão deveria ser concluida em torno de cinco minutos, mas as coisas fogem do controle. Após este caos, ela está sozinha novamente.

Nesta cena, quando percebe que a sua arma não está carregada, a carnificina começa com Anna usando seus inimigos como escudos humanos. Bem apropriado quando não se tem uma arma em mãos preparada para engatilhar um tiro no lombo. O que ela faz mostrando uma luta incrível com coreografias de lutas bem ensaiadas é uma arte, mas já vimos isso em outros filmes. Como o próprio filme já relata, a protagonista quer provar para si mesma que ela consegue dar conta do recado. Abaixo um grupo de bandidos bem equipados, em uma rajada de punhos e pernas, os coloca para ver estrelas. Como todas as cenas de ação reproduzidas, a ação é um pedaço de crime muito bem feito e a sequência de climax que este filme consegue carregar colocando flashbacks de presente para passado é uma maneira de acrescentar mais detalhes no enredo.

Vale acrescentar que, apesar das diversões que este filme coloca, também não posso deixar passar ao clichê que a direção de Luc Beeson coloca, estabelecendo um estilo genérico do que já vimos em Operação Red Sparrow, de 2018. Do meio para o final é que as coisas começam a perder o brilho, e a quimica inexistente entre Sasha Luss e Cillian Murphy não conseguem desenvolver um momento digno.

Como explicar os problemas de Anna? Quando se fala em Luc Breeson — um cineasta que transformou Scarlett Johansson em uma poderosa maquina de bomba em Lucy — trabalhando em um elenco em que um dos atores foi acusado de agressão sexual por nove mulheres, geralmente o publico ja começa a olhar com outros olhos e não começa a acreditar muito no produto que estão vendendo. Isso também dificulta a visão sobre o filme e a impressão ruim de Anna: O Perigo tem Nome também é a que prevalece.

Leonardo Pereira

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