Não é de se surpreender que os britânicos do Coldplay continuem fazendo músicas tristes, com instrumentais poderosos com intuito de fazer as pessoas pararem para ouvir. Um grande exemplo disso foi em A Rush of Blood to the Head, de 2002, uma sonoridade bastante tocante que fez o público em geral curtir com suas tristes canções de sucesso, como "Clocks" e "The Scientist". Com Viva la Vida, de 2008, é a mesma coisa já feita, portanto, o sexto álbum do Coldplay consegue ser muito mais profundo em termos de sonoridade pop-gótico-rock e composições de rompimentos amorosos que qualquer material o quarteto londrino já lançou antes.
Também não é de se surpreender que o novo álbum da banda se chame Ghost Stories. Como todo disco do Coldplay sempre foi triste, Ghost Stories é totalmente diferente de Myloto Xyloto, um álbum muito mais baseado no pop-rock que foi lançado em 2011, e que colocou a banda em um patamar mais acima com uma sonoridade muito mais alegre contrastando com seus álbuns passados. Dentro do rock, parece muito com um Blood on the Tracks, contando histórias que envolvem experiências amorosas que foram por água a baixo.
Contudo, "Always in My Head" é um ressentimento que abre Ghost Stories com um ambiente sonoro bastante introspectivo e a sonoridade envolvendo o mesmo ambiente de discos anteriores como Parachutes, de 2000. Dentro do álbum, tudo soma a tristeza, o que sempre convém com a banda. Mas o Coldplay mistura batidas eletrônicas dentro deste disco de pop-gótico-rock, como é o caso de "Magic", lembrando muito bem o estilo de 808s & Heartbreak, disco do rapper americano Kanye West, lançado em 2008, que contém a mesma sonoridade e ambiente triste e depressivo.
Ao longo das nove faixas, Ghost Stories mostra como poderia ser um trabalho solo de Chris Martin. "Ink" é totalmente imparcial, contando mais uma história sobre aqueles relacionamentos que eram duradouros e que um dia chegou chegaram ao fim. Quer coisa mais dramática que isso?
Parece que o drama aumenta na medida em que "True Love" fala sobre corações partidos ao extremo, mas sem se esquecer do mestre por trás das baladas de amor mais românticas e tristes ao mesmo tempo: Bon Jovi. É inevitável negar que Ghost Stories seja considerado um Blood on the Tracks, considerando uma perceptível comoção na voz do vocalista e líder do grupo, Chris Martin, e na instrumentação implacavelmente dramático. Não seria uma má idéia usar as músicas de Ghost Stories para um teatro baseado em Romeu e Julieta, de William Shakespeare, na Broadway. Seu conteúdo melodramático e tudo que envolve corações partidos e o final de um relacionamento amoroso se inclui para uma perspectiva como esta.
Mas Martin é ainda mais depressivo: em "Another's Arms", ele vai aos extremos, colocando muito mais sentimentalismo para um momento muito mais triste e muito mais perigoso para um ser humano. Aqui, surge lembranças dos momentos que ficaram entrelaçados na memória. Contudo, a vida continua e mesmo assim, o Coldplay continua trazendo suas músicas com sonoridades que chegam perto do gótico, mas nunca largando aquele rock de arena que os consagrou, vindo depois de Myloto Xyloto. Como disse, o Coldplay não é nenhum Bob Dylan, mas ao todo, Ghost Stories é um relato triste sobre o fim de um amor.
Por Leonardo Pereira
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