Teoricamente, muitos diriam que Elton John não está nas pontas das noticiais musicais, mas se levarmos em conta as suas participações em discos de Eminem, o novo do Queens of the Stone Age e etcetera, isso mostra que Elton ainda está sob os holofotes. Quanto a isso, desde que The Union – um tributo de tamanho épico do próprio pianista para um ícone que o influenciou no início de sua carreira, Leon Russell (que também contribuiu) – foi lançado em 2010, a produção de T-Bone Burnett (que também produziu em The Union) foi confirmado pelo próprio artista, deixando este novo estilo como fator principal para as músicas de The Diving Board, seu primeiro álbum solitário desde Victim of Love, de 1979.
Contudo, seu trigésimo primeiro álbum de estúdio soa bastante equilibrado e consistente, mostrando que possuem canções de grande valor. Mesmo obtendo exageradamente um número mais que considerado de faixas que passam do normal para um disco de Elton John, elas se enquadram diretamente com os assuntos pessoais ligados ao cantor. Os estilos soam bem organizados, algumas vezes juntando alguns subgêneros como esses piano-rocks característicos de seus primeiros discos – Elton John, Tumbleweed Connection (ambos lançados em 1970) e Madman Across the Water (1971) – e conduz para um estilo estritamente filosófico do compositor Bernie Taupin: o compositor que voltara a contribuir suas letras para as melodias de Elton desde muito tempo.
Interessante é perceber que faixas como "My Quicksand" são literalmente abertas para comparações sinceras, mas um pouco exageradas de minha parte. É uma espécie de "Rocket Man" desse disco, enquanto que "Can't Stay Alone Tonight" soa como as canções puras de Elton (nesse caso, mais parecido com "Your Song": a canção que virou a marca registrada para o pianista e Taupin e estreitou o reconhecimento nos Estados Unidos). Em "Voleyur", um soul misturado com o R&B, os coros vocais colocados planejadamente em volume baixo para deixar o ambiente sonoro perfeito, soam como se uma pessoa estivesse em pleno paraíso, passeando pelos jardins cercados por rosas e cantos dos pássaros. Quando você fecha os olhos, tudo é real.
Em "Home Again" – canção que saiu em single para promover The Diving Board – Elton canta com tamanha simplicidade, que era a única forma que a canção tinha que ser cantada. A diversão também está aqui, por mais que seja por pouco tempo. Em "Take This Dirty Water", um soul-rock experimental e delicioso, com coros vocais gospeis de abrir sorriso de orelha a orelha. A profundidade desta faixa soa ressonantemente semelhante com "Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy", do renomado álbum de mesmo nome lançado por Elton em 1975, considerado por muitos como um dos melhores discos de toda sua carreira.
Não importa o quanto o tempo possa ter passado para Elton John, ele vai continuar ficando sob os holofotes enquanto ele continuar em seu ramo de trabalho mais que auto realizador. Há muito tempo ele não lançara algo com a profundidade, a densidade e o auto-equilíbrio musical e literal como The Diving Board, uma peça de forte apelo pessoal do cantor britânico, algo em que há muito tempo Elton não conseguira captar de sua mente para compor para a beleza de suas melodias mais que harmoniosas. Com a produção caprichada de T-Bone Burnett – que mais uma vez correspondeu com a altura a tamanha responsabilidade – The Diving Board soa como uma dessas obras que nunca será tão conhecida, mas será lembrada pelo seu bom conteúdo musical.
Por Leonardo Pereira
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