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R.E.M. R.I.P.: Muito obrigado por existirem


Eu não teria palavras para descrever o quanto o REM significa, ou significava para mim. Será que eu devo usar o verbo no passado ou no presente? Bem, nem eu sei, mas é difícil para mim ver que o rock está sendo desistabilizado completamente hoje em dia, e ficará pior porque o REM anunciou o seu fim. Todos nós sabemos que nada durará para sempre, mas parece que passou rápido quando o grupo de Athens, na Geórgia conquistou a nação com "Radio Free Europe" e dominou o mundo com "Losing My Religion" e "Everybody Hurts". Vou sentir saudades dos vocais de Michael Stipe, das guitarras de Peter Buck e do baixo de Mike Stills. Definitivamente falando, mais uma lenda do rock é enterrado no cemitério das lendas.

Muito obrigado REM por terem existido. É difícil exagerar o quanto esses garotos, que mais tarde, transformaram-se em caras, mudaram tudo, criando um público adverso e diferenciado de rock em sua própria imagem. Foi o REM que mostrou o quanto as bandas dos anos 1980 deveriam ser elas mesmas, e não deveria dar atenção se os grupos amadores de rock vinham de cidades pequenas, ou no interior, o que interessava para eles era que todos poderiam sonhar, independentemente de quem fosse. Eles mostraram também, o quanto uma banda de rock alternativo pode fazer sucesso sem ter grandes solos de guitarra, e apenas com um violão na base da música. Eles tinham um estilo próprio, e eles me mostraram isso.

E nesse estilo único que só eles tinham, todos do grupo escreviam, o que isso significava que as idéias e criatividades eram totalmente diferentes, e que vinham de qualquer lugar. Uma canção perfeita que tem como base principal o violão é "Drive". Uma canção como "Drive" define muito bem, como o grupo fez o que quiz com a canção, e mesmo assim, saíram com um sucesso logo no início do disco Automatic for the People, álbum na qual deu o título do REM para uma das maiores bandas de rock de todos os tempos e também um dos discos que eu mais gosto. Também me lembra muito como uma música country. A forma como a canção é moldada, de forma tranquila, com violões frios. Foi também o motivo de influência pós-punk. Michael Stipe gosta de Patti Smith, e eu só conheci Patti Smith por causa da influência de Stipe. Isto é REM!

Também, sobre o REM que eu mais admiro é a forma como eles reconheceram a hora de parar, mesmo que fossem para eles seguirem levando o nome do grupo adiante, eles sabiam a hora em que deveriam parar. Para mim, eu não queria que eles parassem, mas eles sabiam que o tempo deles já era coisa do passado. É nisso que eu me impressiono: As pessoas devem reconhecer quando não dá mais para seguir com uma coisa que você está há anos e anos, mesmo gostando muito de fazer isto. É a forma como eles saíram, saíram de cabeça erguida, completamente amados. Isto é REM!

E eles são humildes. Querem alguma prova a mais do que é o REM?

Eu já percebi que as pessoas gostam de reclamar que o REM deveria ter terminado quando Bill Berry saiu do grupo em 1997, para preservar seu legado em um estado primitivo. Certo, este não é o ponto fundamental do REM, que é o rock & roll que é algo que você faz, algo que faz parte de sua vida real, ao invés de lembrar-se de uma coisa que é passageira. Eles decidiram não "sair em um momento de glória" como os Smiths ou Husker Du, e eles decidiram também não ser um incêndio, como foi com o Echo & the Bunntmen ou os Jesus & Mary Chain. Eles simplesmente fizeram algo que eles queriam, e se antes eles não queriam parar, eles não fizeram. Grande ironia, agora que tudo já foi anunciado, eles realmente fazem o que quer, mas foi o fruto de suas maturidades. Eles não são mais jovens que estão dispostos a revolucionar o mundo. Eles agora são homens feitos na vida, com suas famílias, e que, agora, querem fazer outras coisas e ficar mais perto das esposas e filhos.

Quando o termo "rock indie" ainda não existia, minha mãe foi minha maior influenciadora. Se não fosse por ela, eu não teria conhecido esta parte importante. Também agradeço a ela. Eu não poderia acreditar que "Losing My Religion" fosse o rock indie que tanto falavam. Era um rock tão acústico e suave, que eu ao mesmo tempo, nem percebi que eu estava sentado, ouvindo com os ouvidos bem atenciosos e com os olhos fechados, entrando em outra dimensão, em outro mundo. Eles me fizeram ver outros discos e ouvir eles. Enquanto eu ouvia Exile on Main Street dos Rolling Stones e os discos do Velvet Underground, eu conseguia ver um pouco de semelhança no REM: Conteúdo, e não era qualquer conteúdo.

Se tudo o que queriam fazer era preservar o legado, eles deveriam ter terminado em 1985, quando tinham terminado a sua grande execução nos anos 1980. Uma curiosidade: Em 1987, Document foi lançado, e nisso, várias opiniões estavam nas cabeças dos fãs, e eu pensei como eles: "Eu espero que esta banda se desfaça antes de fazer qualquer prejuízo que estrague as glórias do passado." Então um monte de fãs sentiam aquela dúvida, assim como eu. Quase ninguém gostava de REM, então ser um fã do REM significava ficar desconfiado com tudo o que eles lançariam depois.

Para mim, era um horror com o álbum Lifes Rich Pageant - a sonoridade por si foi uma terrível e filosófica traição, e isso foi um pouco antes que eu começei a acreditar em algumas letras esquisitas como coiotes. Eu estou dizendo adeus ao REM e vou seguir minha vida. Não foi tão difícil para quem se diz um amante de música, não interessa o gênero que eu gosto.

O que ninguém percebeu - nem mesmo a banda - e que eles estavam apenas em aquecimento. Sua melhor música ainda estava bem à frente deles, com sua implantação ainda que, surpreendente nos quatro álbuns dos anos 1990: Out of Time em 1991, Automatic for the People em 1992, Monster em 1994 e New Adventures in Hi-Fi em 1996. Os anos 1990 foram uma década inteira de liderança do REM na música. Tem alguma banda que fez um trabalho mais produtivo de acabar com seu próprio legado? Na interrupção da carreira do REM na metade dos anos "1980" e "1990", e você terá as duas das melhores bandas que já existiram até hoje.

Depois quando Berry saiu do grupo, eles como uma banda ficaram diferentes. O trio REM e o quarteto REM não tinha o mesmo som: Você não tinha dificuldade em compará-los. A versão do trio no material de 2001, Reveal, eu nunca convenci ninguém a gostar deste disco.

Eu, como fã do REM, entendo a objeção da grande maioria desses últimos materiais que eu citei: O REM tinha dificuldades para chegar com melodias, principalmente depois de Reveal, que foi um dos álbuns inacessíveis até mesmo para os ouvintes que se esforçaram para gostar disto. E eu prefiro ficar com a objeção filosófica - eles foram e mancharam o legado de novo. Eu amei como eles não se contentaram com "dignidade". Eu amei quando eles continuaram gravando no estúdio, mesmo quando as músicas não estavam vindo tão rápido ou fácil. Eu amei quando eles continuaram fazendo discos mesmo quando eles sabiam que os materiais não estavam fazendo-lhes um bom olhar afiado. Eu adorei a forma como eles tentaram. Eu adorava ouvir eles tentar e tentar de novo. E enquanto o REM continuava com o barco contra a maré, eles foram uma grande inspiração.

Muito obrigado REM, por fazer a mim e aos seus admiradores pessoas realizadas!

Por Leonardo Pereira

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