Sexto álbum da canadense infelizmente não é um álbum conceitual
"Estou lutando por minha vida/Não posso separar o mar, não posso alcançar a praia", canta Avril Lavigne em sua faixa-título, uma rajada densamente triste com pitadas de redenção na qual a cantora agoniza seu grito desesperado. Em "I Fell in Love With the Devil", Lavigne se liberta de sua agonia mais intensa e atual, talvez algo que nunca havia vivido antes.
Head Above Water é a experiência da vida pessoal de Lavigne
— durante seus últimos anos, a cantora sofreu para se recuperar da doença de lyme e é impossível não focar neste olhar confrontador em relação a sua mortalidade, mesmo que o álbum em si continue trazendo ausência de solidez.

Contudo,
Head Above Water marca uma mudança da artista em busca de uma identidade que ainda se torna desconhecida, e que em alguns momentos provam que Lavigne ainda está viva em momentos diferenciados como "Tell Me It's Over", onde a cantora se despiu da rebeldia antiquada e voltou ao tempo de Etta James. Soa totalmente surpreendente e inovador, uma vez que a composição introspectiva sobre acabar relacionamentos amorosos ruins encaixou com o som. "Me diga que acabou/Se realmente estiver acabado", Lavigne grita ao mundo ao R&B, gerando sentidos irônicos e esnobes. Aliás, canções esnobes ainda serão achados, como no single com Nicki Minaj
— a chiclete "Dumb Blonde"
— que soa novamente como mais uma daquelas músicas como "Girlfriend" e "Smile", arrastando a qualidade do álbum novamente para baixo.
Por todo o álbum, percebemos uma Avril Lavigne mudada em relação ao seu último álbum (a lacuna decadente
de seu disco de 2013) e mesmo que tenha partes deste novo trabalho em que Lavigne novamente deixa a desejar como sons nojentos de músicas
teens de garotas de torcida e sem nenhuma maturidade como alguém que já tem mais de trinta anos e tenta soar como uma moça de 24 anos, a canadense respondeu a altura (pelo menos por enquanto) falando em vida em vez de morte. Neste caso, quando me refiro na palavra "morte", não me refiro a sua vida pessoal, e sim no
show business. Lavigne, como o clipe da própria faixa-título mostra, diz muita coisa: Uma artista que não vive um pico alto em sua carreira desde
Under My Skin que quase se entregou para a morte encontrando fôlego para respirar. Sim,
Head Above Water é uma surpresa positiva, porque é um respiro de fôlego para Lavigne em sua carreira. Ela ainda vive.
Leonardo Pereira
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