Em seu quarto álbum, a cantora se solidifica como a melhor em seu campo com canções quentes e envolventes
Preparem as suas apostas porque Golden Hour, de Kacey Musgraves é o melhor álbum do ano até aqui por inúmeros motivos que me surpreendeu positivamente. Quando falamos da música pop atual, percebemos que o rap lidera a mensagem eficaz para as massas, dificultando a disputa musical dentro das paradas. E quando alguém fora da caixinha chama atenção e toca todos os outros para o escanteio? É exatamente disto que estou falando! Infelizmente não posso simplesmente avaliar seu conteúdo musical, mas suas composições fortes e maduras que deixam disparadamente Musgraves como a principal artista do ano.
Sua força criativa e atemporal soa poderoso neste álbum e é de dar um balasso em todo o mundo por sua composição precisa e impecável. Sua retórica vocal e literária é sincera e tem uma história para contar. Em Golden Hour, Musgraves fala da vida em toda sua totalidade sobre como o amor é um tema tão especial. "Você pode ter o seu espaço, cowboy/Eu não vou te prender", canta Musgraves em uma melodia tão impactante e mesclado com dedilhados de guitarra havaiana, contando um épico de romance country, como se de repente ela se tornasse em uma rainha do gênero feito uma Dolly Parton mais genuinamente melódica e grandiosamente arrebatadora. Em "Space Cowboy", Musgraves soa como uma verdadeira deusa da criação de dois seres humanos que se amam, mas encaram a vida com sangue nos olhos e percebem que cada um seguir seu próprio caminho. [Pausa]. Épico.

Em meio a tantas novidades que o álbum traz, a faceta de Musgraves é a que mais chama atenção. Sua capacidade concisa de congregar diferenças artísticas e noções completamente únicas faz de Golden Hour algo especial, que me faz lembrar nos velhos tempos da música. Em "Slow Burn", ela consegue extrair e começar com violões em meio ao ambiente totalmente acústico, limpo e redentor. Por um momento pareci ouvir Joni Mitchell no início da música, quando a linha "Eu estou bem com uma raiva controlada/Tomando meu tempo, deixe o mundo virar" entra em choque com os equilíbrios e sensações que levam a te dar a confirmação de que o que você está ouvindo é de outro campo.
Joni Mitchell aparece em "Slow Burn" como uma parte de Musgraves que eu desconhecia, conseguindo misturar a ordem musical de Blue em Court and Spark. "Deveríamos dar um passeio e olhar todas as flores", Musgraves canta, misturando a beleza de sua visão sonhada de universo, como o folk pessoalmente íntimo de Mitchell e o carisma apaixonante de Dolly Parton. "Agora você está me erguendo, em vez de me conter/Roubando meu coração em vez de roubar minha coroa", canta Musgraves em "Butterflies", sua mensagem incondicional sobre amor à primeira vista ao personagem que supostamente estava no lugar mais inusitado e ambos foram capturados para o ar do romance e as atitudes do amor. Mas Musgraves consegue fazer sempre o melhor de si em cada musica, como na maior e mais singela forma de impacto na incrivelmente deliciosa e arrepiante "Oh, What a World". "Estas coisas são reais", canta em coro dividido com um leve vocal masculino ao fundo, gerando uma viagem sonora a qualquer outra lembrança que a letra impulsiona.
"Aurora Boreal nos nossos céus/Plantas que crescem e abrem nossa mente", se declara apaixonantemente em meio a um tom de dúvida na música, e em seguida ela concorda esta retórica. "Como todos nós chegamos aqui, ninguém sabe". Musgraves entrega suas memórias mais íntimas nesta obra que foi construída delicadamente para ser o melhor em toda a sua trajetória na música, e faz inúmeras perguntas sobre como se chegar ao topo de seu auge criativo sem falar das incertezas que o amor gera em nossos corações e as nossas dúvidas quanto ao mundo, enquanto sua realidade ruim nos afasta ainda mais de uma resposta concreta. "Tudo o que sei/É que você me pegou no momento certo", Musgraves se abre na reveladora faixa-título como uma carta aberta de seu coração. E ela continua se declarando e expondo todos os seus sentimentos, desde as sensações mais ruins para os momentos bons que ela têm vivido. "Você não sabe que é minha hora dourada?", canta Musgraves na mais suplicante e grata canção, tendo mais a cara de Court and Spark, de Michell.
Por outro lado, "Rainbow" encerra o álbum como se estivesse abrindo Blue, também de Mitchell. Com pianos sinuosos e simples, Musgraves repete seu conto sobre paisagens e se referindo ao seu personagem tão distante agora perto dela com dedilhados rápidos e precisos de seu violão e uma onda de misturas de guitarras havaianas e palmas. Musgraves convocou toda sua força nestas músicas poderosas que tem o poder de transformar nosso tempo e o momento que vivemos. Mesmo pertencente a um gênero mais exigente, Musgraves consegue se diferenciar mantendo a sinceridade e o coração aberto para o confessionário do amor ser revelado. "Segure firme no seu guarda-chuva, apenas estou te dizendo/Que sempre houve um arco-íris pairando sobre sua cabeça", canta ela novamente. Como se Musgraves soubessem de sua futura redenção.
Leonardo Pereira
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