Qual foi a banda americana que mais influenciou os futuros grupos de rock britânicos? E quem foi a banda americana mais odiada em sua época e reconhecida como clássica nas décadas seguintes? É óbvio que é o Velvet Underground. Formado em 1964 por Lou Reed, John Cale, Sterling Morrison e Angus MacLise, o grupo ficou conhecido pelo seu som pessoal e visionário, nas quais, com as composições sujas de Reed falando de drogas e diversos problemas sociais, o Velvet influenciaria outros artistas de características parecidas. Em apenas cinco álbuns de estúdio, o Velvet deixou seu legado, que acabou se tornando grandioso por antecipar fatores que o punk-rock, a new-wave e as bandas britânicas dos anos 80 – como o Echo & the Bunnymen, The Jesus & Mary Chain, The Smiths e outros – passariam a adotar, tornando o Velvet Underground em um grande mito do rock & roll. O Velvet foi o grupo mais anticomercial de sua época, mas sua música se tornou em uma grande lenda para artistas como T. Rex e David Bowie, que segundo eles, fizeram estes mesmos a pegarem em uma guitarra. Muitos clássicos vieram como "Sweet Jane", "Heroin" e "I'm Waiting for the Man" gerados em uma espécie de DNA de "faça você mesmo" (já ouvimos falar disso em algum lugar). O Velvet Underground provavelmente é o grupo de rock mais importante da América depois dos Beach Boys, o que naquela época era um absurdo, vendo em termos de sonoridades. Mas hoje, assim como o grupo de Brian Wilson, a banda nova-iorquina se tornou em uma lenda, um expoente da história do rock mundial.
Historicamente épico, a estréia do Velvet Underground está na genética de um monte de bandas. Chamado de "álbum da banana", sua sonoridade soa sensivelmente experimental, mostrando que o grupo já começava a criar um som totalmente visionário para a época. Além disso, Lou Reed começava a mostrar seu talento como líder, músico e compositor, escrevendo várias das canções mais controversas do VU, como "Heroin" e a totalmente experimental "I'm Waiting for the Man". Além disso, Nico – até então, integrante do grupo – dá um tom sensível e essencial para o disco no vocal de apoio de "Sunday Morning", indo mais além ao tomar conta de "Femme Fatale", "I'll Be Your Mirror" e "All Tomorrow's Parties". The Velvet Underground & Nico marca a união e química da poesia de Reed com a instrumentação experimental de Cale, erguendo cada etapa desta lendária obra. Com o erotismo em "Venus in Furs" e as demais faixas gravadas com inovação, o Velvet marcou a história da música, e apesar de ser um fracasso nas vendas na época de seu lançamento, artistas como Iggy Pop e David Bowie – que futuramente seriam grandes nomes de uma nova geração do rock – compraram esse disco e decidiram montar uma banda. Uma testemunha perfeita para provar a grandeza desse álbum.
White Light/White Heat (1968)
Depois da estréia, a banda se desfez de Nico e de Andy Warhol – que era o empresário do grupo – para começar a focar no segundo trabalho do Velvet. Quando White Light/White Heat foi lançado em 1968, o público – que na época ficou confuso com a sonoridade do primeiro disco – continuou sentindo uma desconfiança com o tipo de som que o Velvet criou em White Light. A faixa-título mostra muito bem a certa estranheza contida no álbum, na qual o foco central foi a dedicação pelos ruídos e composições marcadas pela esquisitice. "The Gift" marca muito bem a estranheza da composição de Reed, na qual ele não canta, mas narra a letra. Por outro lado, sendo diferente de The Velvet Underground & Nico, White Light/White Heat é toda movida por barulhos e ruídos que influenciaram diretamente o punk rock no futuro, como na pegada extremamente violenta de "I Heard Her Call My Name". Na faixa mais longa do disco – a maçantemente competente "Sister Ray", de mais de 17 minutos – sons estranhos, ruídos e feedbacks são colocados de maneira desorganizada, aprofundando mais o disco. White Light/White Heat ainda hoje é desafiador, pois inovou ainda mais a vanguarda do experimentalismo.
The Velvet Underground (1969)
Em relação à agressividade de sua estréia e do caos de ruídos com sons estranhos de White Light/White Heat, em seu terceiro álbum, a banda procurou mudar naturalmente de som. The Velvet Underground traz um som mais cadenciado e controlado, disciplinado e mais comercial que os outros anteriores. Reed tira o caos e coloca o folk e blues, como na perfeita "Candy Says", mas em "Murder Mystery" e "What Goes On" mostram vestígios de que o experimentalismo ainda vive no seio musical que sustenta o VU. Pela primeira vez, Reed coloca letras religiosas, como é o caso da já citada "Candy Says" e "Jesus", mostrando que a poesia de Reed evoluiu de uma maneira considerada e sem vir junto com aquela instrumentação barulhenta e caótica de John Cale. Desta vez, Cale está mais calmo. Também foi um fracasso comercial quando foi lançado, mas décadas depois, seria essencial para a discografia do grupo e para influenciar novas gerações de bandas de rock e estilos que ainda estariam por vir.
Loaded (1970)
Depois do clássico de estréia bem sucedido, Loaded é o disco com o maior catálogo da carreira do Velvet. Seguindo o mesmo tipo de som – com a saída de John Cale – contido em seu trabalho passado, Loaded mostra a mudança drástica de sonoridade, deixando o experimentalismo de lado e ambientando as poesias de Lou Reed com a sonoridade simples e comercial da música pop. Em "Who Loves the Sun", a faixa é doce, dando um tom perfeito para o começo do álbum, enquanto que "Sweet Jane" – a canção mais importante do disco – foi essencial para o grande reconhecimento do VU no futuro, consagrando-os definitivamente. Loaded é o disco mais interessante para o público em geral, na qual foi o último trabalho de Reed com o Velvet Underground, lançando uma grande carreira solo, com grandes trabalhos futuros. Também marcou o último grande disco da banda, na qual o próximo seria um fracasso na história da rock & roll.
Squeeze (1973)
Squeeze continua sendo o pior disco do VU, se bem que este disco não foi gravado por nenhum membro do grupo, apenas por Doug Yule. É por causa disso que muitos dos fãs desconsideram Squeeze, considerando Loaded o canto de cisne verdadeiro dos nova-iorquinos. Em termos de sonoridade, nada se parece com o Velvet clássico, apenas um breve momento de inspiração de Yule, que só foi ser membro do grupo em 1969. Os outros integrantes não aceitaram em fazer uma despedida, porque oficialmente, não houve despedida nenhuma, principalmente nesse trabalho feito por Yule, e que infelizmente levou o nome de Velvet Underground.
Leonardo Pereira
Grato por disponibilizar estas maravilhas sonoras!!!!
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