Vinte anos depois, o Pink Floyd volta com um canto de cisne surpreendente e uma grande homenagem a Richard Wright
Agrande volta do Pink Floyd evoca as raízes mais antigas e profundas de seu estilo sonoro, histórico e clássico. The Endless River nada mais é que uma espécie de rock progressivo acima de sua média, contendo canções inéditas guardadas das sessões de The Division Bell, seu último disco lançado em 1994, e que havia rendido a maior turnê mundial da história desta lendária banda londrina. Contudo, The Endless River é diferente de qualquer tipo de matérial do Pink Floyd da era Roger Waters e da era David Gilmour. Sua sonoridade se remete a mais violões com ambientes lúdicos feitos pelos teclados do mestre Richard Wright, morto por causa de um câncer em setembro de 2008. Apesar de ser o último álbum da maior banda do rock progressivo, The Endless River marca a despedida oficial de Wright como membro do Pink Floyd. Um grande e épico canto de cisne surpreendente.
É uma grande mistura, uma grande viagem ao tempo. Podemos perceber que tudo o que está aqui têm um pouco do seu começo de carreira do grupo. Vemos um pouco de A Saucerful of Secrets, segundo disco lançado em 1968, quando o líder Syd Barrett já havia sido demitido do grupo por conta de seu vício em LSD tê-lo deixado completamente louco, porém, um pouco gênio nas canções que fazia. Sim, depois de 46 anos, The Endless River tem um pouco de Syd Barrett. Claramente, nunca ouvi algo como isso. Muitas características do som vieram claramente de influências passadas, os instrumentais, os ruídos. A psicodelia volta de repente e de forma inesperada. Seu som entra em nossos ouvidos como um momento aura de um passado de glória que já aconteceu. Tudo foi de grandes lembranças, e The Endless River complementa The Division Bell.

No geral, tudo que acontece por aqui soa grande, como uma verdadeira viagem ao tempo. Em "It's What We Do", seu som é parecido automaticamente com "Welcome to the Machine", do álbum lendároio Wish You Were Here, de 1975, que homenageou a solidão, principalmente a seu ex-líder, Barrett. Ao mesmo tempo, se assemelha muito a abertura épica do mesmo disco com "Shine on You Crazy Diamond", instrumental que se tornou um mito na carreira dos Floyd. É uma verdadeira viagem ao tempo: é o Pink Floyd se olhando novamente no espelho. Velhos, se olham como em uma espécie de vidro rejuvenescido para 40 anos novos, quando eles eram a maior banda britânica da época, sem nenhuma contestação da crítica.
Por sua vez, o álbum termina com a metafórica "Louder Than Words": única música na qual Gilmour canta e que fora lançado como single para promover o novo disco. Nela entra dedilhados de guitarra mistutado com o teclado, e o ambiente vai crescendo lentamente. Dentro do ambiente, o baixo entra como uma peça que faltava, e de repente, Nick Mason entra com a bateria e Gilmour começa a cantar as letras que foram compostas por ele e sua esposa, Polly Samson. Infelizmente, Roger Waters afirmou não ter nenhum contato e nenhum envolvimento com o novo trabalho do Pink Floyd, o que me deixa pensativo: se ele estivesse junto, talvez não teríamos uma volta épica a formação clássica – já que no registro das canções, Wright está vivo em seus teclados?
E depois de 20 anos de um silêncio profundo, The Endless River é uma meteórica roqueira de grande personalidade lançada em pleno século 21 pela maior banda de rock progressivo de todos os tempos. Isso só prova que, apesar da experiência na música, eles sabem criar um álbum consistente, levando de exemplo para os artistas britânicos da atualidade que querem seguir seus passos, e trazendo de volta o tão querido e reconhecido Richard Wright, desenterrando das tristezas de seus fãs para a alegria de poder se despedir da banda e de um disco dos Floyd com tamanha grandeza. Realmente, é um grandioso e surpreendente epitáfio.
Leonardo Pereira
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