O primeiro dia do Rock in Rio foi marcado pela apreensão por parte das pessoas que já haviam comprado antecipadamente seus ingressos e outros porque simplesmente conseguiram comprá-los a tempo de garantir presença no maior festival de rock & roll do mundo. No dia que inaugurou o festival pela quarta vez no Brasil, a maior apreensão dos fãs era para as apresentações do DJ David Guetta e Beyoncé, a diva pop norte-americana.
Muitos não concordariam com tamanhas considerações quanto ao "pop" ter espaço no festival de nome Rock in Rio, mas não foi ruim seu começo.
Quando começou oficialmente o festival com a Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro às 17h, abrindo de forma épica com "Also Sprach Zarathustra", o instrumental conhecido em qualquer ouvido, o público começou a se sentir em casa e a se ambientar rapidamente. Neste momento, a Cidade do Rock se transformou em 2001: Uma Odisséia no Espaço. Além disso, o público entrou na magia das músicas que mudaram gerações como "Jump" (Van Halen), "(I Can't Get No) Satisfaction" (Rolling Stones), "Love of My Life" (Queen), "Every Breath You Take" (Police), "Eleanor Rigby" (Beatles) na parte internacional, enquanto que no rock brasileiro, "Pro Dia Nascer Feliz" (Cazuza) gerou grande surpresa por grande parte das pessoas e "Será" (Legião Urbana) trouxe grandes porções de vozes cantando o refrão, causando certa emoção para quem é fã da Legião Urbana.
Depois disso, a Orquestra deu lugar à homenagem singela ao Cazuza – um pequena lista de grandes nomes da música brasileira, como Rogério Flausino, Maria Gadu, Ney Ma-togrosso, Paulo Miklos, Bebel Gilberto, Frejat e o Barão Vermelho – que conduziram impressionantemente o seguimento do espetáculo, principalmente em canções como "Exagerado" (Paulo Miklos), "O Tempo Não Pára" (Ney Matogrosso) e "Pro Dia Nascer Feliz" (Frejat, Barão Vermelho e companhia).
Imediatamente, no Palco Sunset, o Living Colour vinha para arrebentar convocando a todos para participarem do espetáculo de forma enérgica, começando com suas canções hard-rock de se impressionar. Além disso, além das músicas, eles possuem uma abordagem musical interessante e surpreendente para quem nunca tinha ouvido falar nestes caras de muita atitude. Há o blues, o rockabilly, o hard-rock, heavy-metal, reggae e psicodelismo em seu som. Eles são impressionantes.
Além da voz viciante de Corey Glover, das habilidades invejáveis do guitarrista Vernon Reid, da cozinha musical da bateria de William Calhorn e o baixo de Doug Wimbish, a banda soa ainda mais poderosa quando Angélique Kidjo entra para o palco. A partir daí temos uma mistura majestosa de música africana em versão reggae, e eles se arriscam a tocar "Voodoo Child (Slight Return)" de Jimi Hendrix – acreditem, ficou fantástico. Concerteza, o Living Colour e Angélique Kidjo foram a maior atração do Palco Sunset.
Imediatamente, a baiana Ivete Sangalo sacudia o público totalmente com "País Tropical", e seu repertório passava por grandes sucessos de sua carreira, contando com uma homenagem da baiana para o Queen, cantando "Love of My Life", na qual deixou a cantora extremamente emocionada com a imagem parada do frontman da banda britânica no palco da primeira edição deste festival em 1985. Além disso, as homenagens não pararam por ai: fazendo da versão de Tim Maia de "Como Uma Onda" – que ficou conhecido também na voz de Lulu Santos – em um mar de mãos ao alto a cada linha da música que Ivete cantava.
Se o show de Ivete Sangalo foi um grande embalo, David Guetta fez chacoalhar o público de vez, colocando todo mundo para balançar e colocar as mãos ao alto em meio aos ritmos eletrônicos de "Ain't a Party" com uma grande presença do DJ e das iluminações no palco. Com "Love Don't Let Me Go", Guetta continuou mantendo o controle em meio as iluminações fantásticas. No decorrer da música, o DJ sobe de sua pequena cabine instalada no palco e pede para todos se movimentarem e se divertir e em "When Love Takes Over", Guetta faz o público brasileiro cantar as linhas que fizeram da canção um hit no mundo todo. No meio de seu espetáculo, o DJ retribuiu o gesto da diversão dos brasileiros dizendo que amava o Rio de Janeiro, a Terra Maravilhosa. Por si só, a apresentação de Guetta transformou o Rock in Rio em uma verdadeira pista de dança, balançando a todos que estavam presentes na primeira noite do festival.
David Guetta saiu do Palco Mundo às 23h40, ocasionando a todos uma certa apreensão para o show principal da noite. E ela viria.
Quinze minutos de atraso nem foram percebidos quanto ao nervosismo do público. E quando Beyoncé apareceu, a diva estava imóvel, sob olhares fortes e marcantes, completamente intacta de seu lugar central do palco. A partir daí, começa "Run the World (Girls)", colocando a platéia em completo delírio com as coreografias e usadas de quadril usufruídas por Beyoncé para provocar seus mais profundos admiradores.
Em meio a coreografias, sucessos reconhecidos, Beyoncé entretem o Palco Mundo estabelecendo uma disputa vocal saudável com o público – e quando não está satisfeita com o que está ouvindo, ela ainda pede que repitam mais alto de uma forma provocante, colocando seu braço na cintura, deixando a todos totalmente loucos. Quando ela canta, a entonação é perfeita, ao mesmo tempo que a pausa rápida entre uma canção e outra seje para trocar o seu figurino, que sempre há algo de novo em questão de inovação, modernidade e sensualidade.
Em sua segunda parada, Beyoncé volta ainda mais sensual: com um maiô com detalhes claros brilhantes, ela volta e canta de forma sincera "Naughty Girl". Em seguida, "Party" coloca uma pitada a mais de herotismo, enquanto que o telão de fundo do palco a introduzia majestosamente com os olhos fortes e provocantes de sempre. Da mesma forma que ela interpretou canções mais cool, lentas e românticas, como "1+1" – na qual, a cantora subiu em cima do piano –, "Love on the Top", na qual o R&B e soul soa sonoramente fantástica e doce, trazendo o público aos seus domínios e entrando definitivamente em seus sonhos.
Nos melhores momentos que foram culminando com o final, a contagem regressiva é feita e Beyoncé entra épicamente para interpretar "Crazy in Love": o grande divisor de águas de sua carreira, que a alçou para que o mundo percebesse que ela era a nova diva do música pop. Depois do final épico em meio a tantas fumaças, Beyoncé introduz imediatamente "Single Ladies", a canção que mais repercutiu e grudou nas mentes das pessoas de uma forma bem convencional, mas com uma abordagem sonora diferente, entrando para a história no final da década de 2000.
"Halo" veio depois de uma pequena pausa e mudança de figurino: uma roupa mais simples, com um chort normal, Beyoncé desceu do palco e interpretou o hit perto de seus fãs, andando entre a divisória de limite do público.
Para todos, uma surpresa meio bizarra: Beyoncé tentou dançar o funk "Lek Lek", mas parece que não deu muito certo, mas mesmo assim foi muito aplaudida. No momento final, ela agradeceu carinhosamente e se despediu do show prometendo voltar ao Brasil em breve.
Na primeira noite deste festival, Beyoncé confirmou o favoritismo e fez desta noite o melhor de todos que fizeram nesta sexta-feira 13.
Em geral, a madrugada de sexta para sábado confirmou o que era para ser este primeiro dia de evento: pop, pulsante e sensual.
Isso é só um aperitivo do que realmente está por vir. É só o começo.
Por Leonardo Pereira
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