Há muito tempo que os ingleses do Arctic Monkeys vem colocando todas as suas expressões em sua música de forma genuína. A química sonora que percebemos desde os seus primeiros discos correspondem com a expectativa de todos os seus fãs e o mais importante: aqueles que são fãs incondicionais de música – não importa o gênero. E esta expectativa que acabei de descrever é a mesma coisa que encontrei aqui em AM – seu quinto disco e o mais ambicioso desde então.
Gravado em sua nova cidade natal, em Los Angeles, com Josh Demme (Queens of the Stone Age) e o baterista Pete Thomas (Elvis Costello), a sonoridade contida em AM é influenciada constantemente pelos ritmos norte-americanos, contendo um rock mais dançante, algo grandiosamente surpreendente dentro de um álbum dos Monkeys. Mas a grande verdade consiste em ser plenamente realista: a banda nunca esteve em seus melhores momentos antes. Apenas quando eles lançaram Whatever People Say I Am, That's What I'm Not, sua estréia que tiraram caretas de surpresas nas caras de todos em 2006, e estabelecendo recordes na Grã Bretanha como sendo o álbum de estreia mais vendido de todos os tempos, quebrando a barreira totalmente clássica de Definitely Maybe (1994), a grande estreia do Oasis, definindo meteoricamente o brit-pop nos anos 1990.
Falando nas músicas, é perceptível que os Monkeys se inspiraram no Velvet Underground, fazendo de "Mad Sounds" uma pequena, mas agradável canção de ninar ao velho estilo de "Sunday Morning", contida no álbum emblemático que estreou o Velvet de Lou Reed com aquela "banana" característica desenhada por Andy Warhol. Outra mudança radical foi a voz de Alex Turner, que anteriormente era cheia de ódio, raiva e energia, agora mudou para uma voz mais falseteada, mas dançante, menos "cantante". Um grande exemplo é em "Why'd You Only Call Me When You're High?" e na faixa que abre AM, "Do I Wanna Know?", na qual, todos os instrumentos deixam de soar agressivamente para soarem prazerosamente como se fossem tocados por uma banda de soul e R&B.
O grande fato é que o Arctic Monkeys correspondeu mais uma vez com suas expectativas, mesmo tendo aqueles fãs fiéis ao estilo do grupo que não gosta que sua banda preferida se arrisque e procure alçar vôos mais altos. Em sua estréia, estes caras estavam procurando fazer um som pesado de atitude para chamar as atenções de todos, porém, agora com seu quinto e melhor disco até este momento, os Monkeys dormem sendo uma das referências no indie-rock e uma das melhores bandas de nosso tempo.
Por Leonardo Pereira
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