Assistindo o trono poderá ser prejudicial aos seus olhos. A dupla sensacionalista que é a mais descontrolada finalmente chegou, e dando um brilho dourado – tanto da capa como a edição de luxo feita no CD, desenhado pelo criativo diretor Ricardo Tisci, com uma alta pintura de relevo de ouro e as letras ostentadoras de Jay e Kanye: um ataque falando de hotéis cinco estrelas, carros luxuosos, mulheres fogosas e mansões grandes de alto custo. Como Kanye coloca em "Otis", isso acabou se tornando um "rap de luxo".
O que não quer dizer que o rap seja sem responsabilidade alguma: Jay e Ye podem ser obcecados com as susas próprias vidas, mas o tom aqui é sério, sóbrio, pesado – mais "American Dreamin'" do que "Big Pimpin'", mais "Can't Tell Me Nothing" do que "Touch the Sky". Jay-Z e Kanye West são novatos nessas coisas. Eles são os monarcas do hip-hop e Watch the Throne não coíbe de sua própria esperança. As músicas são embaladas com exemplos de figuras mais consagradas na música afro-americana – James Brown, Otis Redding, Nina Simone – e é claro que Jay e Kanye são os grandes nomes de seus pares. Compreendido por esse fator, o disco tem como objetivo voltar ao passado.
Ele tem um som de acordo com essas grandes pretensões. A produção – liderada por West, com as contribuições dos Neptunes, Swizz Beatz, RZA e mais – é vasto, obscuro e melhorada. Em faixas como "Why I Love You", Kanye continua na veia sônica que ele havia introduzido em My Beautiful Dark Twisted Fantasy, entrelaçando as canções com a dinâmica do rock, mergulhando as suas batidas com coros vocais fantasmagóricos, se colocando mais profundidade no álbum.
Tais momentos são muito escassos em Watch the Throne. No meio do século 21, na Grande Recessão, a experiência vicária da opulência pode ser o suficiente para milhões de fãs de Jay e de Kanye. Mas em um álbum ambicioso como este, em um trabalho corajoso com este, é uma pena dois dois maiores contadores de histórias não estender o olhar para as suas próprias vidas de luxo.
Por Leonardo Pereira
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