A música pop nunca esteve tão radical na história da música fonográfica: com este declínio de vendas, os artistas de renome resolvem lançá-la de diferentes formas, como o U2, que em seu novo trabalho, decidiu lançar no iTunes de graça para audição, o que causou um número pequeno de críticas negativas. Enquanto isso, tivemos o brilhantismo de Bruce Springsteen e Black Keys e a volta da maior banda de rock progressivo de todos os tempos. Foram grandes discos que definiram o ano de forma fantástica.
#1. U2 – Songs of Innocence
Com tantas novidades na música pop, o ano tinha que ser do U2, que como sempre volta com algo inovador. Songs of Innocence é a quebra de silêncio de quatro anos desde a sua fusão sonora estilo The Joshua Tree/Achtung! Baby de No Line on the Horizon, de 2010. Depois de uma mega turnê com um palco 360 graus para promover No Line no mundo inteiro, a banda irlandesa esteve descansando por longos quatro anos. Dentro desse período, muita coisa aconteceu: Bono e The Edge entraram em estúdio para gravar a trilha do musical da Broadway, Spider Man: Turn Off the Dark, que estreiou em 2011. E quando o mundo pensou que a genialidade musical do quarteto de Dublin havia acabado, eles se reinventam competentemente, e foi da forma mais surpreendente.Depois disso, com as baterias completamente recarregadas, o novo trabalho do grupo seria uma volta às raízes sem a obrigação de trazer alguma inovação. Inicialmente, Songs of Innocence foi uma volta ao estilo alternativo que a banda construiu e se firmou na década de 1980, especialmente em sua estréia com Boy (1980), a correta October (1981), a marchante War (1983) e a introspectiva The Unforgettable Fire (1984). Contudo, foi uma grande mistura da banda, e isso mudou o som do U2 novamente, principalmente na guitarra de The Edge – que sempre acaba trazendo uma genialidade artística diferente – em "The Miracle (of Joey Ramone)", uma grande e singela homenagem ao grande artista conhecido por ser o vocalista dos Ramones: pioneira e lendária banda de punk-rock. É uma prova perfeita de como o U2 trouxe para o seu novo álbum as influências que foram o pontapé inicial para o começo de carreira deles no final dos anos 1970.
As músicas de Innocence soam brilhantemente fantásticas, trazendo novamente a forma de arte desconhecida, com guitarras distorcidas ("The Miracle"), melodias lindas ("Every Breaking Wave"), a atitude poderosa de puro rock & roll mesclado com estilo irlandês de fazer rock ("Raised by Wolves", "The Troubles") e a própria capa – uma amostra do amor genuíno de amor de pai com o filho (o baterista Larry Mullen Jr. abraça seu filho já crescido) – mostra uma nova forma abstrata de uma digna capa de um álbum de música, assim como o conteúdo inteiro encontrado dentro do CD, que por sinal, é a maior surpresa que aconteceu em 2014.
Resenha: U2, 'Songs of Innocence'
#2. Bruce Springsteen – High Hopes
Bruce Springsteen terminou o ano passado com o dever cumprido: a turnê do álbum Wrecking Ball terminou sendo uma das maiores tours de toda a sua carreira – inclusive com um mega show de quase três horas no Rock in Rio, roubando a cena como o melhor artista do festival. Mas o que esperar de High Hopes? Springsteen colocou muita emoção aqui em "American Skin (41 Shots)", um grande otimismo na jóia brilhante de "Just Like Fire Would" e muitas guitarras em "The Ghost of Tom Joad", colocando muita energia no álbum. Springsteen e sua E Street Band foram formidáveis em gravar um álbum sem exigência de um novo som para entrar para a história. Sua simplicidade funcionou, inclusive na brincadeira da faixa-título, que mostrou o que Springsteen sente em seu momento atual sendo revivido desde a explosão nacional e mundial nos anos 1970 e 1980: alegre e de bem com a vida.
Resenha: Bruce Springsteen, 'High Hopes'
#3. The Black Keys – Turn Blue
O oitavo álbum de estúdio do Black Keys foi uma boa surpresa para quem esperava que eles iam vir acomodados ao sucesso e reconhecimento de seu último trabalho, El Camino, lançado em 2011. Turn Blue é um rock & roll ardente com influências do blues, misturados com o rock de garagem que é um dos seus pontos fortes, mas o seu som soa um tanto quanto melancólico. É compreensível: a lei do blues sempre foi com guitarras fervilhantes e letras que falam de amor e problemas sentimentais. E o resultado é um grande brilhantismo musical nas 11 faixas que permeia por todo o disco, colocando um ambiente sonoro que só o Black Keys sabe fazer. Literalmente, o rock continua abrindo condições para a dupla mais conhecida do rock atual.
Resenha: The Black Keys, 'Turn Blue'
#4. Pink Floyd – The Endless River
Talvez a maior surpresa do ano foi a volta do Pink Floyd em The Endless River: músicas inéditas das sessões do último álbum dos Floyd, The Division Bell, de 1994, que foram desenterradas e adaptadas de acordo com o nosso tempo. O resultado são 18 faixas poderosas que me lembram os primeiros anos de formação, uma grande amostra dos dias de glória e uma pitada dos anos 1980 e 1990. Ainda por cima, seus instrumentais são afiados, com a participação de Stephen Hawking ("Talkin' Hawkin'"), sons lúdicos em "Louder Than Words", Gilmour canta magistralmente, fechando o álbum que marcou por se tornar uma despedida de Richard Wright, um grandioso e surpreendente epitáfio.
Resenha: Pink Floyd, 'The Endless River'
#5. Jack White – Lazaretto
Com Lazaretto, Jack White continua mostrando toda a sua genialidade na guitarra com o blues e personalidade como um talentoso músico. Com o seu antecessor, o obscuro Blunderbuss, White havia misturado seu blues com um pouco de rock gótico ao estilo Bauhaus, mas agora, tudo voltou ao normal. E como voltou! Canções como "Temporary Ground" faz lembrar Hank Williams, Joan Baez e Bob Dylan ao mesmo tempo; "Would You Fight for My Love" é um doo-wop de Phil Spector com o exagero teatral, mas roqueiro do Queen; a faixa-título é de um grande riff que nos faz lembrar do Led Zeppelin. Lazaretto é um museu de grandes novidades.
Resenha: Jack White, 'Lazaretto'
#6. Lana Del Rey – Ultraviolence
Nunca antes na música pop, ouviu-se falar de Lana Del Rey: sua voz é um coro gospel misturado para fazer sucesso nas paradas de sucesso no século 21. Seu segundo álbum é um sucesso contagiante; Ultraviolence é uma coleção de hinos poderosos que aspiram a grandeza. Com maior número de instrumentação glam, ela interpreta personagens suficientes para escrever um livro de romance. Por dentro do novo disco, em "Sad Girl", Del Rey é uma amante sexual enquanto que em "Brooklyn Baby", ela é uma criança totalmente sarcástica. Acima de tudo de tudo e de todos, Del Rey é uma voz pop poderosa que está dominando as paradas globais no mundo inteiro, e parece que seu reinado será longo.
Resenha: Lana Del Rey, 'Ultraviolence'
#7. Taylor Swift – 1989
O quinto álbum de Taylor Swift é uma volta coesa ao estilo pop famoso dos anos 1980, na qual ela brincou de ser Madonna ("Welcome to New York"), teclados estilos A-ha por todas as músicas. 1989 é um abordagem ao ano de nascimento da cantora, trazendo muitas canções íntimas como o single "Shake It Off", a particularidade de "Out of Woods" que lembra muito a Prince em sua loucura pela eletrônica e "All You Had to Do Was Stay", canção que certamente conquistará as paradas pop e as pistas de dança do mundo inteiro com toda a justiça e merecimento por seu esforço, competência e muito talento. 1989 é um dos discos mais fortes para a briga dos melhores.
Resenha: Taylor Swift, '1989'
#8. Tom Petty & the Heartbreakers – Hypnotic Eye
Com um disco tão maduro e poderoso como Hypnotic Eye, Tom Petty e a sua antiga banda, os Heartbreakers voltam com tudo depois que Mojo, álbum de 2010, fora um sucesso. Petty traz a velha energia do rock de sempre em "American Dream Plan B", trazendo a poderosa chama verdadeira do rock & roll; "Full Grown Boy" é um folk-indie delicioso de ouvir pois lembra um Tom Petty bem estiloso em termos musicais; "Fault Lines" tem uma bateria competente, distorcida e quente. Contudo, os Heartbreakers e sua química com Petty foram os responsáveis pelo ótimo som que a banda conseguiu criar e gravar.
Resenha: Tom Petty & the Heartbreakers, 'Hypnotic Eye'
#9. Sharon Van Etten – Are We There
Em seu quarto álbum, o compositor nativo de Nova Jersey coloca toda a sua criatividade para compor faixas góticas, o que deu certo. Van Etten levou o desgosto que tinha explorado em seus discos anteriores, e os colocou em uma escala maciça, ainda mais trazendo batidas frias de sintetizadores em sua mistura. Pela primeira, Van Etten nos dá canções como "Your Love Is Killing", uma grandeza mórbida, tanto para complementar os seus vocais apaixonados. Are We There é um poderoso gótico que foi redefinido e pegou muitos de surpresa.
Resenha: Sharon Van Etten, 'Are We There'
#10. Interpol – El Pintor
Esta grande e competente banda ajudou a definir a cena pós punk glamourosa de Nova York durante os anos 2000, e seu primeiro disco em quatro anos mostra que eles ainda sabem fazer rock e ainda estão entre os grupos da atualidade. Músicas como "Anywhere" mostram que o vocalista Paul Banks sabe conduzir todo o disco, enquanto que a nobre "My Blue Supreme" é a cara do Interpol: um poderoso caos que toma conta de tudo e encendeia geral o novo disco do grupo.
Resenha: Interpol, 'El Pintor'
Por Leonardo Pereira
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