Pular para o conteúdo principal

Taylor Swift, '1989'

 
Nos primeiros segundos do novo álbum de Taylor Swift – o quinto trabalho de sua carreira, também o mais consistente desde então –, surgem teclados ao velho estilo A-ha do álbum Hunting High and Low, de 1985, e um certo estilo Madonna dos primeiros álbuns nos anos 1980, contendo muitos teclados doces. Por mais que existam batidas eletrônicas, a sua sonoridade herda os momentos mais infalíveis e fantásticos da década de 1980, que é a influência de 1989: o ano na qual Swift nasceu, mas também colocando a visão de todos que seu novo trabalho foi inspirado através desta época. Vamos voltar ao tempo!

Em "Black Space", a sua abordagem soa mais atual, contendo uma profundidade linda e perfeita para a faixa. Swift brinca com a sua voz ideal em meio a muitos coros que estão gravados na música, contrastando com os teclados que deixam o ambiente musical perfeito e solido. Voltando aos anos 1980, eu ouço Madonna e A-ha na voz de Swift no som de "Welcome to New York", a faixa que abre o novo disco dela. Em 1989, o synthpop está forte em meio as faixas que rondam todo o álbum, diferente de Red, seu antecessor de 2012 que brincou de ser pop, mas nunca se esquecendo do country pop que a consolidou no mercado da música. É a prática de acordo com o aprendizado.

Porém, existem exemplos como "Out of the Woods" que me fazem lembrar do lado eletrônico de Prince, que misturava estilos como um louco cujo seu objetivo era fazer sucesso em todos os gêneros. Ele conseguiu, e Swift está conseguindo no momento, apesar de não estar arriscando muito. Fica bastante claro que a intensidade da canção é sentida através dos vocais de Swift que são misturados colocando uma profundidade lírica, soltando ecos por toda a música de acordo com o ambiente que a própria cantora queria que ficasse. O mesmo é em "Style", grande faixa bem construída por Swift; "All You Had to Do Was Stay", que certamente será um tiro certeiro nas paradas pop.

1989 é um álbum coeso que faz quem ouve pela primeira vez se impressionar pelo fato da boa música ser atingido em nossos ouvidos e corações com sucesso. Red já havia conseguido esse feito, mas parece que as coisas foram mais profundas aqui nesse novo material. As canções soam como portas que se abrem em meio a novas genialidades. Em "Shake It Off", o single que fora lançado para promover o disco, Swift coloca a sua atitude para fora, ao mesmo que os estilos e as batidas – que mais se parecem com hip-hop – soam completamente dinâmicas e bem ritmadas de acordo com o seu som, sua influência pelo gênero e a competência imposta para fazer uma faixa dar certo.

Em 1989, seus sons mostram como tudo foi naquela época. No nome do álbum que se remete ao ano de nascimento de Taylor Swift, muitas coisas aconteceram: o Milan se sagrava tricampeão da Copa dos Campeões da Europa com o melhor time de futebol daquele tempo, a Muro de Berlim havia caído por terra, e as duas Alemanhas haviam se transformado em uma só – mais unida, mais forte e que no futuro, se transformaria em um exemplo mundial. Também foi marcado pela retirada da URSS do Afeganistão, mostrando como a economia russa estava indo para o ralo e não demoraria muito para a URSS se dissolver e o comunismo sucumbir de vez, colocando os Estados Unidos e o seu capitalismo como o poder máximo da economia global.

Sim, é um grande viagem ao tempo, com muitos acontecimentos que fizeram mudar a perspectiva para a nova década que viria. Taylor Swift coloca todo seu sentimento de mudança em "Bad Blood", mostrando como é capaz de fazer mudar as coisas. E mostrando isso aqui e na maioria das faixas, Swift fez de 1989 uma forma perfeita de ser uma artista que procura abrir os seus horizontes e melhorar em seus gêneros, até arriscando em outros gêneros, como ela fez brilhantemente em seu quinto e novo álbum coeso, que por sinal, foi um tiro certeiro em todos os ouvintes que esperaram isso mesmo! 1989 excedeu expectativas.




Por Leonardo Pereira

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

The Velvet Underground: Discografia Comentada

Qual foi a banda americana que mais influenciou os futuros grupos de rock britânicos? E quem foi a banda americana mais odiada em sua época e reconhecida como clássica nas décadas seguintes? É óbvio que é o Velvet Underground. Formado em 1964 por Lou Reed, John Cale, Sterling Morrison e Angus MacLise, o grupo ficou conhecido pelo seu som pessoal e visionário, nas quais, com as composições sujas de Reed falando de drogas e diversos problemas sociais, o Velvet influenciaria outros artistas de características parecidas. Em apenas cinco álbuns de estúdio, o Velvet deixou seu legado, que acabou se tornando grandioso por antecipar fatores que o punk-rock, a new-wave e as bandas britânicas dos anos 80 – como o Echo & the Bunnymen, The Jesus & Mary Chain, The Smiths e outros – passariam a adotar, tornando o Velvet Underground em um grande mito do rock & roll. O Velvet foi o grupo mais anticomercial de sua época, mas sua música se tornou em uma grande len...

Jennette McCurdy: Um simples engano ou um grande talento descoberto?

Finalmente temos alguma grande estrela surgindo, pelo menos é o que eu acho. Não estou falando de Adele, ela também é brilhante, mas estou referindo-me a atriz e agora cantora, Jennette McCurdy, mais conhecida por interpretar Sam Puckett na série iCarly . Como foi bastante óbvio que isso fosse acontecer, quando o EP Not That Fade Away foi lançado previamente para ser lançado em seu primeiro álbum de estúdio – com nome de The Story of My Life e sem prévia para o seu lançamento – a crítica de grandes nomes como a Rolling Stone, a Allmusic e o resto das fontes importantes de música rejeitaram seu EP. Foi um grande erro. Mas é incrível a forma como Jennete (uma adolescente de 19 anos com um enorme talento) resolve nos surpreender com seus pensamentos e sentimentos sobre a vida e o que ela guarda para sua carreira. Primeiramente, o que mais surpreendeu foi seu estilo. Hoje em dia, em meio às luzes pop-eletrônicas, as garotas querem tornar-se grandes cantoras solo fazendo mús...

Interpol, 'El Pintor'

Esta banda tem o talento de criar discos de sons conflituosos e caóticos. El Pintor é uma Parede Sonora misturada com o rock britânico levado a sério do Arctic Monkeys, Franz Ferdinand e Muse. As suas 10 faixas soam como mega explosões prontas a entrarem em seus ouvidos. São amplificadores, teclados e órgãos apocalipticos envolvidos em músicas como "All the Rage Back Home", que abre o quinto álbum do power trio americano. Conclusivamente, existem coisas boas aqui, nas quais a guitarra é um ponto forte no conteúdo de sua música. Levando em conta as sonoridades de seus materiais lançados no passado – Turn on the Bright Lights , de 2002, e Antics , de 2004 – El Pintor continua sendo primordial por seu som original e sem imitações. Seu som é limpo, porém é bastante barulhenta em termos de efeitos sonoros. Em "My Desire", os vocais do líder do grupo, Paul Banks, soam completamente abafados como se a canção estivesse tocando em uma rádio antiga, e assim está bem m...