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Nine Inch Nails, 'Hesitation Marks'



Em Hesitation Marks, o Nine Inch Nails volta oficialmente após uma parada de quatro anos. Nesses quatro anos que a banda se dissolveu, o mundo do rock industrial pensou que Trent Reznor e sua banda nunca mais voltariam para o ramo da música. O próximo ano marca o 25º aniversário da banda, e como de costume, eles resolveram dar surpresas ainda maiores com seu oitavo e novo disco – o primeiro em cinco anos – e fazendo da primeira audição uma grande e fantástica sonoridade contida nestas 14 faixas depressivas, hesitantes e sanguinárias de tirar o fôlego. É tão textural como The Fragile (1999) e tão denso como The Downward Spiral (1994). Aqui, o Nine Inch Nails te leva para o inconsciente.

Sonoramente, a batida do disco soa muito como os gêneros do hip-hop, mas a influência não veio daqui, e sim do rock industrial que os fizeram primeiros ícones deste gênero no início dos anos 1990. Mais do que meramente sofisticado, seu som soa totalmente misturado, contendo todo tipo de sonoridades, do rock ao synthpop e passando para o rock gótico. Um dos exemplos é "Everything": a sétima música do álbum entra em um tom de rock & roll com uma bateria synthpop potente, e no decorrer da faixa, ela vai ficando barulhenta, mudando e transfigurando completamente a arte da música – apesar de ter ficado constantemente abrasivo. Mudando radicalmente, a seguir vem "Satellite", outra faixa completamente boa e diferente de todas as outras, contendo ritmos eletrônicos pequenos e suaves.

Apesar de toda a inquietação sonora, é perceptível o quanto a banda foi influenciada pelo Kraftwerk. A banda alemã que fundou oficialmente a música eletrônica parece que está aqui em canções como "Satellite", "Copy of A", "Various Methods of Escape" (que para mim, logo veio uma imagem da minha cabeça de uma fusão entre o Kraftwerk e Kanye West), "Came Back Haunted" e "All Time Low" – particularmente remetidas à depressão profunda, apesar das batidas potentes e industriais. Não importa com o que Reznor pensa em fazer de seus discos, apenas ele quer fazer o compreensível romanticamente louvável dentro do rock industrial: fazer desse Hesitation Marks um alvo de sucesso comercial.  

Por Leonardo Pereira

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