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Franz Ferdinand, 'Right Thoughts, Right Words, Right Action'



A música é a melhor coisa que já inventaram. Ela ultrapassou anos, décadas, séculos e milênios estando na cultura de diversas épocas, cada vez se reinventando. Nesta resenha que é a de número 100, o Franz Ferdinand volta após um silêncio de quatro anos após seu antecessor, Tonight (2009) e mais para trás, com You Could Have It So Much Better (2005), um dos seus melhores discos já lançados, contendo muito mais as energias recarregadas para irem mais além, colocando música da boa qualidade para todos ouvirem e reverenciarem.

É claro que aqui, as coisas soam muito mais dançantes – nos moldes do rock & roll. A banda sabe como entreter seu público, e Alex Kapranos está em ótima fase, com seus vocais alcançando a melhor tonalidade em muito tempo – ao mesmo tempo, o vocalista do grupo canta de forma descontraída –, alçando-os para voos mais altos. Provavelmente, Right Thoughts, Right Words, Right Action levará o Franz Ferdinand muito mais longe para sua grande corrida para a vitória, e sua arma está nas músicas convincentemente simplistas e sinceras, obedecendo as regras principais do rock & roll, e determinando a partir daqui a afirmação de que estes escoceses são os que mais representam o rock europeu atualmente.

Sua base instrumental – assim como sua sonoridade altamente eclética – soa completamente perfeita, preenchendo em todas as suas bases uma certa descontração, principalmente em "Evil Eye", o single "Love Illumination" e a mistura rap-rock de "Right Action". Na faixa que abre o novo disco da banda escocesa, há uma certa surpresa: batidas eletrônicas ao velho estilo Kanye West, mas não fiquem atônitos, porque o indie-rock voltou a dominá-la rapidamente. Os coros vocais em "Evil Eye" são iguais que "Burning Down the House", contida no fantástico disco Speaking in Tongues (1983) do Talking Heads, que é a influência pura do new wave para esses caras. 

Em base, a característica do Franz é um substantivo bastante pomposo, com um ambiente sonoro parecidos com bandas alternativas de garagem como o Talking Heads e o REM, mas sempre se mantendo na moda, colocando o indie-rock bastante amado pelos fãs de rock de hoje. Mas em base, soa muito com o álbum de estreia dos Heads em 1977. E a música que mais representa a faceta ao estilo-Heads é "Stand on the Horizon" – uma faixa de complexidade vocal e estilos que se esvaem exageradamente. Mas também soam musicalmente divertidos. Todas as outras canções são bastante semelhantes com bandas como os Heads, New Order (em um molde mais roqueiro do que eletrônico em "Bullet") e Television ("Fresh Strawberries"). 

De qualquer maneira, a banda deixa uma grande impressão por aqui: um lado totalmente amadurecido quanto ao seu tipo de trabalho como músicos, em termos de melodias e composições. Influenciados pelas características aplicadas da New Wave e brit-pop, Right Thoughts, Right Words, Right Action é o material que esses escoceses sempre quiseram realizar. Conforme o tempo for passando, este disco será um dos – ou o mais importantes de suas carreiras. O Franz Ferdinand é a banda do momento. Sejam bem vindos, rapazes.

Por Leonardo Pereira

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