O renomado jornalista da Rolling Stone dos Estados Unidos, Greil Marcus, escreveu a resenha original do décimo disco de Bob Dylan, o álbum duplo Self Portrait, lançado em 1970: "Que merda é essa?". Talvez, esta seja uma das frases mais famosas da história da imprensa da música. Como é um fato verdadeiro, o mesmo Greil Marcus que escreveu isso agora esteve presente tendo escrito o encarte desta coletânea de músicas inéditas das sessões de Self Portrait e mais algumas de New Morning, seu sucessor no mesmo ano.
Incondicionalmente, este é um dos trabalhos mais ambiciosos em termos de coletâneas. Além do âmbito estritamente voltado a mudança de Dylan em relação das décadas de 1960 e 1970, Dylan mudou seu estilo, e aqui já dá para perceber. Com todas estas faixas guardadas por mais de vinte e trinta anos, estava claro que deixá-los trancados a sete chaves não era a coisa certa. Muitas vezes, estas "velhas" gravações se parecem muito com gravações recentes e poderosas. Quem se importaria de ouvir algo como isto atualmente? Muitas pessoas que amam o rock & roll e sabem o que Bob Dylan representa para os alicerces deste gênero.
Another Self Portrait (1969-1971): The Bootleg Series Vol. 10 nada mais, nada menos, é o que todo artista daria sua vida para tê-la: genialidade e capacidade de criar esta preciosidade. Apesar de ser apenas uma coletânea de dois CDs remontando o passado que se começava a se tornar obscuro para os pensamentos e talentos artísticos de Dylan, estes takes são totalmente perceptíveis em nossos corações. Comparando melhor, Self Portrait é um disco de country que remete às antigas tradições epifânias deste estilo revolucionário e genial.
Na edição de luxo, ainda tem como presente o concerto de Dylan com a The Band em Isle of Wight, 1969, com a exceção da quilometragem na voz de Dylan, que agora não está tão distante de seus shows dos últimos vinte anos. Também tem a versão remasterizada do álbum Self Portrait com bônus, para aqueles que nunca conheceram este disco. Mas não há obrigação para ter esta jóia, se bem que, clássico é classico.
Por Leonardo Pereira
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