Quando todo mundo começou a pensar que o Green Day não faria mais álbuns como estes – 12 novas explosões de gancho pop, um toque quente e simples, sem agenda operística – o vocalista e guitarrista Billie Joe Armstrong, o baixista Mike Drint e o baterista Tré Cool fizeram três discos de uma vez só e colocaram a chama roqueira neles. É loucura, é claro, no que estão passando nesse momento para o negócio da música.
Na verdade, a trilogia do Green Day, com o antigo co-produtor Rob Cavallo eram como as coisas costumavam ser. Em 1964, sozinhos, os Beatles lançaram dois álbuns, três singles e dois EPs na Grã-Bretanha; no ano seguinte, os Rolling Stones colocaram cinco singles e três discos nos Estados Unidos. ¡Uno! é o primeiro álbum de estúdio da banda de East Bay em três anos, mas conceberam o álbum em notícia de última hora, com clamor da guitarra estilo anos 1970. Estamos revivendo 1977, quando a velocidade do rock & roll ficou impossível de obter o fôlego. Cada faixa foi escrita como um single – o choque de "Nuclear Family", o truque de estilo barato e som vocal de "Fell for You" – tocado para você como uma granada. Pelo que eu ouvi até agora, o mesmo vale para ¡Dos! e ¡Tré!.
Depois que American Idiot (2004) – o Quadrophenia do Green Day – veio com peso e 21st Century Breakdown (2009) confirmou o seu status, ¡Uno! se confirmou estando em relevo plano. Há aromas fortes da grande descoberta do Green Day, Dookie, de 1994. Há também uma coisa descolada, mas bastante rico nos detalhes. O clipe marcial de "Carpe Diem" é um retrocesso exuberante para a era mod do Who. "Troublemaker" salta como uma união ao estilo "Vertigo", do U2, e "My Sharona", do The Knack, e tem um solo de guitarra que começa como um riff em "Heroes", de David Bowie, e termina com um trêmulo vicioso, como se Jeff Beck assumisse diretamente os Yardbirds.
"Stay the Night" e "Let Yourself Go" é o tipo de pop que Armstrong escreveu como uma segunda natureza, quando ele, Dirnt e Cool eram jovens demais para beber (legalmente). Em "Kill the DJ", Armstrong transforma o espírito vingativo de "Panic", dos Smiths ("Hang the DJ") sobre os vapores nocivos de rádio raivoso e com um eco de "The Magnificent Seven", do Clash na música. Apesar do choque no refrão, "Loss of Control" não é sobre caras sugando cada gota de bebida em um bar. É uma fúria solitária, cuspido por um cara preso na injustiça e picado pela traição. "Ei, não é que o velho não saiba o cara/Que eu vejo na rua", Armstrong zomba. "Nós nunca tivemos nada em comum/Mas de qualquer maneira eu nunca gostei de você".
"Onde diabos está a velha gangue?", Armstrong canta no vazio de "Rusty James". Diferentemente da maioria dos punks adultos, porém, eles ainda tem seus companheiros originais, e sua banda está no topo, de certa forma. A ação continua com ¡Dos! em novembro. Sete semanas com ¡Uno! vão deixar você em forma, e com fome também.
Por Leonardo Pereira
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