Wrecking Ball é o pensamento de Bruce Springsteen sobre os Estados Unidos. De fato, estas descrições são bem colocados aqui em seu 17º álbum de estúdio, com seus sentimentos oprimidos, deprimentes e conflituosos em um trabalho que, ao mesmo, se tornou turbulento demais. O que Springsteen coloca aqui é como a América está no momento: acabada. Arrasada por aproveitadores e sofrendo por uma erosão vergonhosa em valores verdadeiramente democráticos e de caridade nacional. A entrega de Wrecking Ball é a amostra perfeita colocada sobre o povo na rosnática "Shackled and Drawn"; o significado duplo na baladadeira "This Depression"; a censura incondicional de "We Take Care of Our Own", uma canção tão obvia sobre os ideais abandonados por todos e a culpa recíproca que nenhum candidato ousaria tocá-lo: A escuridão que acabou, de todas as formas, ultrapassando todos os limites de dentro do território norte-americano, ferindo por dentro do seio capitalista, o coração da República.
Fazendo uma análise de alguns registros anteriores, aqui em Wrecking Ball, Springsteen volta com tudo com a mesma temática sombria, americana, honesta e verdadeiramente séria da América em seus dias atuais: Em quase todos os países do mundo sofrendo com um colapso econômico que, acabou por sepultar no momento, a Grécia, e territórios como a Itália e os próprios Estados Unidos encontrando-se em decadência. São os mesmos sonhos que Springsteen teve antes em Darkness on the Edge of Town, de 1978, onde em "Adam Raised a Cain" (que contava sobre os problemas paternais) mostrava que a América estava sendo traída. Em The River, tudo o que soa de mais agonizante é em "Independence Day", a forma de fazer voltar a memória do grande e orgulhoso acontecimento. Até mesmo em The Rising, quando ele mostra o sofrimento americano no 11 de setembro.
Em Wrecking Ball, Springsteen toma para si o controle musical do disco. É o primeiro material em que Springsteen deixou de lado o seu exército de rock, a E Street Band, na qual repetiu a mesma ação em 2005, quando lançou Devils & Dust sozinho; na produção, Ron Aniello foi o escolhido pelo próprio Springsteen a cuidar da produção sonora. Em "Death to My Hometown", a alusão temática é a mesma que "My Hometown", de sua obra-prima Born in the U.S.A., clássico revolucionário de 1984. Springsteen canta em forma de acusação contundente da frieza gananciosa e da impotência do Congresso americano. E ele entrega para todos nós, uma vingança deliciosa com um rítmo totalmente bom e compassado, fazendo de si um nobre guerreiro político que é capaz de dar a própria vida pelo seu povo para salvar seu país. A ação musical da faixa é como uma dança vinda das cinzas, com alto crescimento para um único propósito: Em uma guerra justa para os seus ideais, a música é a arma perfeita para derrotar o inimigo. "Eles certamente vão retornar como um sol nascente", Bruce Springsteen canta todo seu espírito de luta.
Springsteen toca os riffs de guitarra juntamente com seu convidado, o guitarrista Tom Morello, do Rage Against the Machine, incluíndo os seus gritos na altamente espirituosa "This Depression". Mas antes disso, a sua sonoridade suja, altamente molhada da bateria que ganha uma grande versão afiada para o instrumento deixou a faixa, e o álbum especialmente em um grande exército marchando para a batalha. Os tons vocais são mostrados verdadeiramente como uma angústia que passa por uma grande onda de convencimento em gritos de guerra, para que a esperança reine em todos os nossos corações. "O sangue de nossas mãos voltará duas vezes para nós", canta Springsteen no hino sofredor e altamente espiritual de "Rocky Ground", sob uma batida altamente roqueira, porém um pouco eletrônica e dividido por coros vocais fortes e grandiosos. Aqui, ele está pronto para a briga: "Vamos lá e dê seu melhor tiro/Deixe-me ver o que você tem", provoca Springsteen em "Wrecking Ball", música que ele estreou oficialmente ao vivo em 2008 como um adeus ao estádio Giants, mas repousa aqui como uma guerra de vontades ("Segure firme a sua raiva/E não caia para os seus medos") com uma carga altamente arrogante de Nova Jersey.
Mas a estrutura musical de Wrecking Ball é altamente apelativo aos conceitos políticos à economia de seu país, na qual ele declarou ser muito semelhante com Nebraska, disco folk revolucionário lançado em 1982, na qual Springsteen desafiou a todos como um grande Woody Guthrie e também uma possível mistura de Bob Dylan e Hank Williams. Mas aqui, com uma experiência musical bem vivida, Springsteen aumenta os horizontes do álbum, principalmente em "Rocky Ground" e "Wrecking Ball". Se tudo o que Springsteen quer é que acreditemos em esperança, então ele é um dos poucos sonhadores em acreditar em algo com que muitas poucas pessoas se importariam hoje em dia, em tempos obscuros, tanto em guerras como em colapsos econômicos e financeiros. Wrecking Ball é uma arma poderosa de Bruce Springsteen e seus fãs contra os homens que representam de forma decepcionante para o Congresso americano. Parece que por aqui, precisamos de um cara com a mesma atitude de Springsteen.
Por Leonardo Pereira
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